Mais um dia com a cartomante, mais um dia a ruminar lembranças, ávida por arrancar o cravo de minha alma, por colar no mosaico que sou uma peça que talvez viesse trazer sentido
Oxalá, hoje sei que dor de ranger os dentes se em noite de lua dói mais forte é só esperar que passa. Sei também que amor plantado sob sua luz brota e pode ate crescer, isso, talvez não passe nunca!Passar é diferente de acabar.
Busco o que sou e tudo já foi dito. Entre dentes murmuro a Deus minha inveja de Adélia a dizer do amor e da dor, Clarice e a barata de cada dia, Drumonnd com os sentimentos do mundo, Hilda a conter o coração... O desassossego de Pessoa habita em mim, a lucidez de Caio me cega os olhos. E foi tanto a embriagues de Mendes Campos que ando roxa de bater os joelhos pelas quinas. A poesia de Vinícius e a dignidade de Carpinejar alimentam meus sentidos. Na minha alma esta tatuado Rosa que brotou na pele feito marca de nascença.
Então é isso? Pus-me a pensar no caminho de volta ao trabalho, e por falar em trabalho...(deixemos o trabalho pra depois daria horas de palavras). Voltei a pensar na vida e sua ardilosa facúndia.
A vida que bebe seu sangue a conta gotas, mulher do tempo a te arranca o escalpo olhando pra ampulheta sem piedade.
Ah ... a ponta do novelo que não consigo achar, essa inaptidão pro exato, esse desconforto em estar nos lugares que me apertam os pés. Onde devesse estar então? Quase gritei.
E o mosaico que sou deveria estampar figuras cotidianas? Mais uma pergunta... sentei, pedi um café gelado. Minha cabeça doe de aperto. Cansaço é o que me toma por inteiro.
Devo estar inserida? Preciso estar... onde? O eu mosaico precisa de diploma, precisa ser manso, saber conviver, respeitar, começar, terminar... precisa de tanta coisa! Aprender pq nasceu, quem colou as primeiras pedras, quem o balançou em braços tão firmes. O eu mosaico precisa saber quem o dependurou na soleira pela primeira vez. Ele está perdido, procura onde se encaixar, procura a pedra que falta.
Quase no fim do café me saltou aos olhos que a vida te cospe na cara, te deixa de quatro, te chama de palhaço. Te coloca no banco ate que você aprenda as regras do jogo. E é preciso estar atento, o tempo é curto e você corre sim o risco de não entrar em campo.
Bebi até a ultima gota do meu café, fiz barulho com o canudinho, aquele barulho sem educação. Defenestrei a vida!
Thania Furbino – 10/03/2009
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