quarta-feira, 26 de agosto de 2009


O esquerdo e o direito das coisas.

De um lado tem os sonhos, mesmo que em tons de cinza muitas vezes.
Tem a música, a poesia, o amor que é delicado e verdadeiro ainda que rude na maneira de se expressar.
Tem a vontade dos dedos deslizando as cordas imaginarias do meu violão.
De um lado tem tudo que poderia ser. Tem a alma que anseia leveza contrariando as pernas.
A mente que vibra mantras mesmo diante tanta poluição sonora.
Tem gosto pelo azul, pelos amigos, pelos meus. Tem malas prontas para a viagem.
Olhos bem abertos para manhas calmas de outono e pés que caminham encantados nas tardes de primavera.
Do outro lado têm o pão de cada dia, as contas empilhadas na gaveta gritando à memória que é preciso seguir.
Tem o medo do passo em falso, a punição pelo passo não dado.
Desse outro lado, correntes antigas e sumarentas, arrastadas a vinte anos mais nove ressumam a estranhes que há em mim.
Tem o receio da não admiração alheia.
Tem os sentimentos de vileza dado ao ser humano – carregue!
O peso dos ombros, os olhos que chora a espera da morte ainda que velada.
E em dias de frio na alma, pensamentos e sentimentos curtos os dois lados se misturam e cega meu coração.

Thania Furbino.
26 de agosto de 2009 / 20:53h

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