quinta-feira, 28 de outubro de 2010
água em cima, céu embaixo: tempo de espera
Santo Agostinho costumava dizer que “a recompensa da paciência é a paciência”. De fato, aquele que persevera, que cultiva a paciência, tende a conseguir os objetivos que almeja. Entretanto, mais importante do que conseguir algo externo que se deseja, o melhor de tudo é que desenvolver a paciência tornará você uma pessoa muitíssimo mais virtuosa, Thania. O quinto hexagrama do I Ching surge lembrando que é preciso esperar um pouco. Você já inaugurou o movimento de conquista, já pôs as engrenagens em andamento, agora lhe resta esperar pacientemente que a planta brote. Justamente por isso, é importante que você não se permita levar por inseguranças infundadas, nem tampouco por uma tola ansiedade. Dê tempo ao tempo e tenha fé. As coisas acontecerão conforme você deseja, mas você precisará saber esperar e com o tempo perceberá que esta espera trouxe apenas prazer e felicidade. Muita paz de espírito advém de quando aprendemos a desenvolver as importantes virtudes da paciência. Siga em frente, com fé.
o futuro desta situação
O hexagrama de hoje possui uma ou mais linhas móveis. Isto significa que elas se transformam em suas opostas, dando origem a um novo hexagrama. Leia abaixo as perspectivas para seu futuro próximo. Entenda melhor
TERCEIRA LINHA MUTÁVEL: Há perigos concretos em seu caminho, Thania e, se você não tomar cuidado agora, terminará atraindo encrenca na certa. Nada de se fazer de vítima neste momento. À medida que os problemas surgirem, busque soluções práticas para eles.
SEXTA LINHA MUTÁVEL: Uma solução bem concreta lhe será apresentada, Thania, mas você não reconhecerá sua importância logo de cara. Talvez até lhe pareça que a solução é bizarra, mas se você der um pouco de atenção a ela, verá que é o melhor que poderia acontecer.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
"Eu estou sempre aqui. Olhando pela janela, não vejo arranhões no céu nem discos voadores. Os céus estão explorados, mas vazios. Existe um biombo de ossos perto daqui. Eu acho que estou meio sangrando. Eu já sei, não precisa me dizer. Eu sou um fragmento gótico. Eu sou um castelo projetado. Eu sou um slide no meio do deserto. Eu sempre quis ser isso mesmo: um adolescente nu, que nunca viu discos voadores e que acaba capturado por um trovador de fala cinematográfica. Eu sempre quis isso mesmo: armar hieróglifos com pedaços de tudo, restos de filmes, gestos de rua, gravações de rádio, fragmentos de TV. Mas eu sei que os meus lábios são transmutação de alguma coisa planetária. Quando eu beijo eu improviso mundos molhados, aciono gametas guardados. Eu sou a transmutação de alguma coisa eletrônica. Uma notícia de Saturno esquecida, uma pulseira de temperaturas, um manequim mutilado, uma odalisca andróide que tinha uma grande dor, que improvisou com restos de cinema e com seu amor, um disco voador."
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço... "
Álvaro de Campos
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço... "
Álvaro de Campos
Assinar:
Postagens (Atom)